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Navegando por cenários de alta de juros - O que fazer?

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Navegando por cenários de alta de juros - O que fazer?

Introdução

A política fiscal e a política monetária são duas estratégias fundamentais usadas pelos governos e bancos centrais para influenciar a economia de um país. Embora sejam distintas, sua interação frequentemente gera influências mútuas, que podem se complementar ou contrapor. É importante compreender como a política fiscal influencia a política monetária para analisar a estabilidade econômica e o crescimento de um país. cenários de alta de juros

O desequilíbrio fiscal é caracterizado por gastos públicos excessivos, déficits elevados e dívidas insustentáveis, representando grandes desafios para a política monetária. Os problemas surgem quando a política fiscal interfere na inflação, nos juros e na economia, o que pode exigir medidas drásticas para tentar restabelecer o equilíbrio na economia.

A elevação das taxas de juros pode ter um impacto significativo na estabilidade financeira, nas atividades e na trajetória de crescimento de uma empresa. Com o aumento dos custos de financiamento, as empresas precisam se adaptar para manter a lucratividade e proteger a sua saúde financeira. Este artigo analisa táticas e estruturas detalhadas para que as companhias possam lidar com esses desafios de forma eficiente.


Visão Geral das Políticas Fiscal e Monetária

O que é política fiscal?

A política fiscal é composta por decisões governamentais em relação à tributação, aos gastos e aos empréstimos. É administrada pelos poderes legislativo e executivo para influenciar as condições econômicas, como o crescimento, o emprego e a inflação.

O que é política monetária?

A política monetária é administrada pelos bancos centrais e tem como objetivo regular a oferta de moeda, as taxas de juros e a disponibilidade de crédito para manter a estabilidade econômica, atingir metas de inflação e emprego.


Mecanismos de interação

O impacto da política fiscal na política monetária.

  • A influência sobre a demanda: Os gastos públicos e as políticas tributárias afetam diretamente a demanda agregada, que a política monetária tem como objetivo regular.

  • Efeito Crowding Out: Quando um governo aumenta os seus empréstimos para cobrir um déficit fiscal, isso pode aumentar as taxas de juros, tornando mais caro para as entidades privadas tomarem empréstimos, "expulsando" assim os investimentos privados.

Resposta da política monetária às decisões fiscais

Os bancos centrais podem ajustar as taxas de juros ou a oferta de moeda para inibir as pressões inflacionárias ou apoiar o crescimento econômico influenciado pelas políticas fiscais.


Introdução à dinâmica das taxas de juros

O que são taxas de juros?

As taxas de juros representam o custo para obter empréstimos ou o retorno sobre aplicações financeiras para os credores. Bancos centrais, como o Banco Central do Brasil, definem a taxa de juros referência como a Selic, que influencia as taxas de juros no mercado.

Por que as taxas de juros sobem?

As taxas de juros aumentam geralmente devido a:

  • Controle da Inflação: Os bancos centrais elevam as taxas para conter a inflação.

  • Crescimento Econômico: Em economias aquecidas, taxas mais altas evitam superaquecimento da economia.

  • Desequilíbrio Fiscal: Quando há irresponsabilidade e má gestão dos gastos públicos e políticas tributárias.

  • Forças de Mercado: A dinâmica de oferta e demanda no mercado de crédito.


Efeitos da alta de juros sobre os negócios

  • Aumento dos custos de financiamento: As empresas enfrentam custos mais elevados para financiar expansão ou operações, o que pode causar uma diminuição em seus resultados, nos investimentos e gerar um crescimento mais lento.

  • Redução do consumo: O aumento nos custos de financiamento, como empréstimos para aquisição de imóveis, carros e outros bens pessoais, afeta significativamente a capacidade de endividamento e o consumo das famílias.

  • Desaceleração dos investimentos: Projetos com retornos marginais tornam-se inviáveis.

  • Incentivo: As taxas de juros mais elevadas oferecem melhores retornos em contas de poupança e investimentos de renda fixa.

  • Apreciação da moeda: Juros mais elevados podem atrair investidores estrangeiros em busca de ganhos mais elevados, o que pode aumentar a procura pela moeda local. Além disso, uma moeda mais forte pode diminuir os custos das importações, mas pode prejudicar a competitividade das exportações ao tornar os produtos mais caros para compradores estrangeiros.

  • Desaceleração no crescimento econômico: A redução nos empréstimos e gastos pode resultar em um crescimento menor do PIB. Se as taxas permanecerem elevadas por um longo período de tempo, a economia poderá enfrentar uma estagnação ou, até mesmo, uma recessão.

  • Queda no desempenho do Mercado de Ações: As taxas de juros mais elevadas tendem a reduzir as estimativas de lucro corporativo, o que afeta negativamente as avaliações das ações. Além disso, os investidores podem preferir títulos ou outros ativos de renda fixa em detrimento das ações, o que pode resultar em declínios dos papéis no mercado.

  • Impacto no Mercado Imobiliário: As taxas de juros mais altas aumentam os custos dos financiamentos, reduzindo a acessibilidade e a demanda por moradias. A baixa procura por novas casas pode desacelerar as atividades de construção e setores relacionados.

  • Serviço da Dívida Pública: Governos com grandes dívidas podem enfrentar custos mais altos para pagar empréstimos, o que pode causar pressões orçamentárias. Isso pode resultar na diminuição de gastos públicos ou no aumento de impostos.

  • Impacto no emprego: A lenta expansão empresarial, devido aos custos elevados de empréstimos, pode causar uma diminuição na criação de empregos. Empresas em dificuldades financeiras podem reduzir o número de postos de trabalho, aumentando o desemprego.

  • Efeitos Comportamentais e Psicológicos: Taxas mais altas podem indicar aperto econômico, o que pode diminuir o otimismo e os hábitos de consumo dos consumidores. A incerteza sobre as condições econômicas futuras pode levar as companhias a adiar investimentos ou planos de expansão.

  • Recuperação Judicial e falência de empresas: Empresas com dívidas elevadas e que tenham suas margens estranguladas devido ao aumento das taxas de juros concomitantemente à desaceleração da economia, podem ter que solicitar recuperação judicial e, em muitos casos, requerer falência.

  • Setores mais impactados pelo aumento da taxa de juros:

    • Imobiliário e construção;

    • Indústria automotiva;

    • Varejo e bens de consumo;

    • Bancos e serviços financeiros;

    • Hospitalidade e viagens;

    • Energia e utilidades;

    • Tecnologia e startups;

    • Manufatura e setores industriais;

    • Pequenas e médias empresas;

    • Bens de luxo.


Avaliando a exposição financeira

Com o cenário já definido, é importante acionar seu departamento financeiro e de controladoria para:

Analisar a sua estrutura de endividamento

É fundamental compreender sua estrutura de endividamento atual:

  • Proporção de dívidas com taxas fixas versus variáveis;

  • Prazos de vencimento e necessidades de refinanciamento;

  • Proporção do endividamento de curto e longo prazo;

  • Volume de desembolsos mensais para pagamento de juros e principal;

Avaliar a sensibilidade às mudanças nas taxas de juros

Refazer suas projeções financeiras e fluxo de caixa para antever os impactos dos aumentos de juros na lucratividade e geração de caixa.

Compreender os impactos no custo de capital

Taxas mais altas aumentam o custo do capital próprio e da dívida, afetando a alocação de capital e decisões de investimento.

Avaliar sua inadimplência e os limites de crédito concedidos a clientes

Em épocas de aumento de taxas de juros o mercado tende a ficar mais recessivo, aumentando a possibilidade de inadimplência e perdas com clientes. É importante neste momento ser mais restritivo em crédito, analisar a saúde financeira de seus principais clientes e rever os limites de créditos atuais.


Avaliando a operação da empresa

Já com sua área de operações que envolve da aquisição de insumos à expedição de produtos acabados você deve avaliar:

  • Como se portarão seus fornecedores em relação à necessidade de repasse de aumentos de preços;

  • A saúde financeira de seus fornecedores. Você não está correndo o risco de enfrentar atraso ou interrupções nas entregas?

  • Seu nível atual de estoque. O que ocorrerá com o giro do seu estoque em caso de queda repentina nas vendas?

  • Se há alternativas de troca de fornecedores locais por internacionais e vice versa para redução de custos;

  • O impacto na queda das vendas por conta da redução do consumo em seu mercado, e a que níveis e por quanto tempo isso impactará a sua operação;

  • Se é possível substituir as vendas em queda em determinados mercados, por vendas para outros mercados, como a exportação;

  • Qual será o impacto nos custos e despesas com transportes;

  • A sua eficiência operacional como produtividade, custos fixos e variáveis, estoques, dentre outros fatores;

  • A possibilidade de substituição de insumos produtivos por outros de menor custo;

  • Os atuais investimentos em marketing, e como reposicioná-los, dado a nova situação econômica. Lembre-se a efetividade neste momento é fundamental. Temos que manter a preferência do consumidor, sem desperdiçar recursos de investimento de marketing;

  • Sua estrutura comercial atual e otimizá-la dado ao novo cenário. O termo otimizar não quer dizer reduzir e sim buscar maior eficiência em todo o processo;

  • Suas linhas e turnos de produção, buscando otimização e/ou até desativar alguma linha de produção ineficiente ou desnecessário naquele momento;

  • As despesas operacionais e ociosidade nos departamentos;

  • Os projetos de investimentos previstos, em curso e, as prioridades para o novo cenário;

  • etc.


Gestão Estratégica

Após um bom diagnóstico dos possíveis impactos do aumento das taxas de juros em seu negócio, você deve agir para que sua empresa possa passar por este período de crise com o menor impacto possível em seus resultados.


Gestão financeira estratégica

Refinanciamento de dívidas existentes

  • Alongamento do prazo de dívidas existentes: Refinanciar empréstimos de curto prazo para prazos mais longos visando diminuir os desembolsos de fluxo de caixa.

  • Custos financeiros: Avaliar o que será mais conveniente, captar recursos financeiros a taxas de juros fixos ou variáveis.

  • Liquidação de empréstimos: Liquidar empréstimos que estejam com custos financeiros acima da nova realidade.

Estratégias de hedge para risco de juros

  • Swaps de taxas de juros: Com tendência de alta de taxa de juros, substituir custos variáveis de juros para taxas fixas.

  • Caps e Floors: Usar derivativos para limitar a exposição dentro de um intervalo definido.

Explorando opções alternativas de financiamento

  • Empréstimos baseados em ativos: Utilizar estoques ou ativos imobilizados para garantir novos empréstimos a longo prazo.

  • Prazo médio de vendas: Analisar a possibilidade da redução do prazo médio de vendas sem que esta ação prejudique as vendas futuras.

  • Prazo médio de fornecedores: Analisar a possibilidade do aumento do prazo médio de compras sem que esta ação prejudique o abastecimento da fábrica e até mesmo perda de fornecedores essenciais.

  • Desmobilização: avalie a possibilidade de vender ativos não produtivos, como terrenos, filiais e até equipamentos.


Ajustes operacionais

Otimizando custos

  • Realizar análises detalhadas para identificar despesas não essenciais.

  • Implementar tecnologias que aumentem a eficiência operacional.

  • Eventuais desligamentos de funcionários.

  • Cancelamento de contrato com prestadores de serviços não essenciais.

  • Renegociação de reajustes automáticos em contratos.

  • Fusão de áreas ou centro de custos.

  • Downswing.

  • Negociação com sindicatos.

  • Redução da jornada de trabalho.

  • Fechamentos de unidades de negócios não lucrativas.

  • Readequação de centros comerciais e de distribuição.

  • Avalie a qualidade de seu time, e, eventualmente, faça substituições estratégicas por profissionais mais qualificados que poderão auxiliá-lo neste momento de transição.

  • Utilizar modelos de gestão como Orçamento Base Zero e ou Gestão Matricial de Despesas podem ser boas ferramentas para otimizar seus custos e operações.

  • etc.

Ajustando estratégias de precificação

  • Analisar o impacto do aumento dos custos nos preços de vendas dos produtos e estabelecer uma política de repasse de preço para recompor suas margens. Também você poderá analisar novas estratégias de precificação como:

    • Precificação baseada em valor: Cobrar com base na percepção de valor do cliente;

    • Precificação dinâmica: Ajustar preços em tempo real conforme a demanda do mercado.

Priorizando projetos de que gerem caixa

Concentre recursos em projetos com retornos sólidos, importância estratégica e que tendem a gerar caixa mais rápido.


Melhoria do fluxo de caixa e liquidez

Ampliando fontes de receita

  • Adicione novos produtos ou serviços que atendam às necessidades atuais do mercado.

  • Explore nichos de clientes ou mercados geográficos ainda não explorados.

  • Desenvolva parcerias para ampliar suas ofertas.

  • Aperfeiçoe os laços com os clientes através de programas de fidelidade e comunicação personalizada.

  • Ofereça incentivos, tais como descontos, garantias estendidas ou condições de pagamento mais flexível.

  • Proporcione um atendimento de excelência ao cliente, visando aumentar a satisfação e retenção.

  • Aproveite o marketing digital para atingir uma audiência mais ampla.

  • Utilize as redes sociais, o SEO e o marketing de conteúdo para envolver os clientes.

  • Ofereça vendas ou serviços online de forma a atender ao comportamento digital dos consumidores.

Aperfeiçoando a gestão do capital de giro

O capital de giro representa a diferença entre os ativos circulantes e os passivos circulantes de uma organização. Ele mede a saúde financeira de curto prazo e a capacidade de pagamento de uma empresa. A gestão eficiente do capital de giro garante que a companhia tenha recursos suficientes para cobrir despesas operacionais diárias sem interrupções. A seguir algumas estratégias que podem ser adotadas:

  • Adote sistemas de Just-in-Time (JIT) se possível;

  • Analise padrões de demanda para previsões mais precisas;

  • Ofereça descontos para pagamentos antecipados;

  • Utilize sistemas automatizados de faturamento e cobrança;

  • Reavalie as políticas de crédito dos clientes;

  • Negocie prazos favoráveis com fornecedores;

  • Utilize crédito comercial para equilibrar saídas de caixa;

  • Evite pagamentos antecipados, a menos que haja descontos significativos;

  • Reduza o ciclo de recebimento;

  • Utilize precificação dinâmica e promoções;

  • Otimize o giro de estoques com ajustes sazonais;

  • Reavalie sua política de estoque;

  • Reduza os tempos de ciclo de produção;

  • Utilize opções de financiamento da cadeia de suprimentos;

  • Monitore horas faturáveis e reduza prazos de recebimento;

  • Adote modelos de assinatura para um fluxo de caixa previsível.

  • ...

Construindo uma reserva de liquidez

Mantenha um fundo de emergência para lidar com interrupções inesperadas no fluxo de caixa.


Planejamento de cenários e gestão de riscos

Realizando testes de estresse

Simule cenários de juros variados para avaliar sua capacidade financeira.

Preparando-se para cenários pessimistas

Elabore planos operacionais e financeiros para ambientes com taxas elevadas por longo tempo.

Desenvolvendo planos de contingência

Mantenha-se preparado para lidar com crises de liquidez ou queda nas receitas.


Explorando oportunidades em ambientes de alta de juros

Aquisição de ativos depreciados

Empresas sólidas financeiramente podem adquirir concorrentes ou ativos a preços baixos.

Expansão para mercados resilientes

Focar em áreas ou regiões menos sensíveis às mudanças de juros.

Investindo em inovação e tecnologia

Adotar tecnologias que reduzam os custos e aumentem a eficiência operacional.


Engajamento com stakeholders e comunicação

Transparência com investidores

Compartilhar as estratégias e o progresso na superação dos desafios relacionados aos juros.

Colaboração com instituições financeiras

Estabelecer vínculos sólidos com os credores para assegurar condições favoráveis ou acesso ao crédito.


Estratégias de longo prazo

Fortalecendo o balanço patrimonial

  • Quitar dívidas de juros altos.

  • Aumentar o capital social por meio de lucros retidos.

  • Chamar os sócios para aporte de capital.

Reduzindo a dependência de dívida

Optar por modelos de crescimento autofinanciado ou baseado no capital próprio.

Construindo uma organização ágil

Desenvolver estruturas operacionais flexíveis que se adaptem às condições financeiras em mudança.


Conclusão

As altas taxas de juros podem representar grandes desafios para as companhias, mas, com planejamento estratégico e ações proativas, é possível superar esses obstáculos. Ao focar na estabilidade financeira, eficácia operacional e oportunidades de crescimento, as companhias podem diminuir os riscos e se preparar para alcançar o sucesso a longo prazo.


Perguntas Frequentes

  1. Qual o primeiro passo para enfrentar a alta de juros?

    • Avaliar a exposição financeira, considerando estruturas de dívida e a sensibilidade de caixa.

  2. Como a eficiência operacional ajuda em um ambiente de alta de juros?

    • Custos mais baixos aumentam as margens, o que compensa o aumento dos custos de financiamento.

  3. Qual é o papel das reservas de liquidez na resiliência financeira?

    • Proporcionam um colchão de segurança contra choques financeiros inesperados.


A Valíni Consulting tem como auxiliá-lo neste processo de transição de várias formas. Contate-nos.


Luís Valíni

(16) 98238-0110

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